Wineclass: Os Tipos de Espumantes pelo Mundo

Wineclass: Os Diferentes Tipos de Espumantes pelo Mundo

Espumante

O Espumante é um vinho intranquilo, ou seja, gasosos, que passou por espumatização.

Na realidade esta é denominação genérica de vinhos onde as perlages (bolhas, gases de dióxido de carbono) ficaram retidas no vinho pelo seu processo de fermentação natural (ou induzido), através de alguns métodos de produção, como:

  • Champenoise (Tradicional ou Clássico);
  • Transferência (Transfer),
  • Charmat (Tank);
  • Asti (Dioise ou Martinotti);
  • Ancestral;
  • Entre outros…

O termo espumante não possui denominação de origem e é utilizado em todo mundo para descrever esse tipo de vinho.

Obrigatoriamente o espumante deve formar sua perlage através de fermentação natural e não poderá sofrer adição de anidrido carbônico, em caso negativo será descrito como um vinho frisante.

 

Champagne

Champagne é um vinho espumante francês produzido pelo método Champenoise somente na região de Champagne em Épernay, nordeste da França.

Este vinho possui a mais rigorosa Denominação de Origem utilizada na França. Super conceituado, deve seguir normas de produção muito estritas, definidas por decreto para sua região. Através de legislação são controlados rendimentos, graduação alcoólica, envelhecimento, delimitação de terroir e uvas, entre outros.

O Champagne é obrigatoriamente produzido à base de apenas de 3 variedades de uvas, são elas: Chardonnay, Pinot Noir, Pinot Meunier.

 

Cremant

d’Alsace, de Bordeaux, de Bourgogne, de Die, du Jura,de Limoux, de Loire

 Cremant é um vinho espumante francês produzido pelo método Traditionelle (ou Champenoise) fora da região de Champagne.

O termo ‘’crémant’’ foi originalmente utilizado para chamar espumantes com menor pressão (2 a 3 atmosferas) que o comum das champagnes (5 a 6 atmosferas), formando assim, uma espuma leve, cremosa.

Existem sete apelações com denominação de origem protegida (AOC) para Crémants na França e assim como os Champagnes, devem respeitar decretos e legislações específicas para sua região.

Confira abaixo as variedades de uvas autorizadas para composição de cada Crémant:

  • Crémant d’Alsace*: Pinot Blanc, Pinot Gris, Riesling, Auxerrois e Chardonnay. Já os rosès costumam ser 100% Pinot Noir.
  • Crémant de Bourgogne: Chardonnay, Pinot Noir. Quiça P. Gris, P. Blanc, Aligoté, Gamay, Melon de Bourgogne e Sacy.
  • Crémant de Loire: Chenin Blan, Chardonnay, Cabernet Franc. E eventualmente Gamay e Pinot Noir.
  • Crémant de Limoux: Chenin Blanc, Chardonnay, Mauzac e Pinot.
  • Crémant du Jura: Chardonnay e Savagnin. Pinot Noir, Poulsard e Trousseau no caso dos rosès e demais variedades.
  • Crémant de Bordeaux: Sémillon e Sauvignon Blanc. E Cabernets, Merlot, Petit Verdot, Carmenere e Côt para rosès.
  • Crémant de Die: Clairette Blanche, Muscat Blanc à Petits Grains e Aligoté.  
  • * Crémant d’Alsace é o Crémant mais conhecido na França, representando quase a metade da produção dos espumantes franceses.

 

 Classico

Franciacorta, Oltrepo e Trento

Franciacorta é um vinho espumante italiano DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida) elaborados pelo método clássico, produzido a partir de uvas cultivadas dentro nas colinas da província de Brescia, na Lombardia.

A Franciacorta significa Corte à Francesa, em italiano. Sua região é famosa por elaborar os melhores espumantes do mundo fora da região de Champagne e tem produção bem limitada, cerca de menos de 5% que sua rival francesa.

As uvas mais cultivadas na região são Chardonnay, Pinot Noir e  Pinot Blanc,  e são divididas em três categorias:

  • Franciacorta Tradicional: Chardonnay e Pinot Noir e envelhece por pelo menos 18 meses;
  • Franciacorta Satèn*: Similar a blanc des blancs, utiliza Chardonnay e Pinot Blanc e envelhece pelo menos 24 meses;
  • Franciacorta Rosé: utiliza mais de 25% de Pinot Noir e cerca de 50% de Pinot Blanc com Chardonnay.

No geral, Franciacorta é um espumante extremamente longevo, elegante e de bom potencial de guarda.

Já a DOC Trento e DO Oltrepo Pavese são outras importantes denominações de origem para excelentes espumantes produzidos pelo método clássico, porém menos consumidos aqui no Brasil (talvez por pouca importação e divulgação).

  • * Satèn: Possuem menos gás carbônico, são mais leves e  produzidos  apenas com uvas brancas. A origem do nome vem de seda, cetim, pois remete a delicadeza. 

 

Cava

Cava é o espumante mais consumido no mundo, considerado o ‘’champagne da Espanha’’.

Cava é um vinho espumante espanhol produzido pelo método tradicional, sendo a região de Penedès responsável por 75% de sua produção.

 Assim, como os demais espumantes citados acima, a Cava também possui DO (Denominación de Origen) e segue decretos e legislações específicos para sua produção. As 7 regiões produtoras de cava são: Catalunha, Aragão, Navarra, Extremadura, Rioja, Álava e Valência.

 A cava tradicional é produzida à base das variedades de uva: Macabeo (Viura), Xare-lo e Parrelada.

Eventualmente Garnacha, Monastrell, Chardonnay e Pinot Noir no caso dos Rosados.

 

Sekt

Sekt é um vinho espumante alemão produzido pelo método Tradicional (Champenoise), Transferência ou Tank (Charmat), em casos de produções de maior volume.

A Alemanha está entre os países que mais consomem espumantes no mundo. Possui denominações e classificações legais complexas e ainda por cima em alemão, o que não ajuda a popularização do Sekt no resto do mundo.

Para tentar se aventurar no mundo dos Sekts sem saber alemão é importante ter essa ‘’colinha’’ em mãos para tentar entender um pouco o que diz o rótulo:

  • Deutscher Sekt: 100% das uvas produzidas devem vir de vinhedos alemães.
  • Sekt b.A. ou Qualitätsschaumwein b.A: No mínimo 85% das uvas devem vir de uma região determinada da Alemanha.
  • Winzersekt ou Premium Sekt b.A: 100% das uvas produzidas em vinhedos próprios. Obrigatoriamente pelo método Tradicional.
  • Riesling Sekt: Significa que essa é a variedade de uva (Riesling) é responsável por pelo menos 85% do espumante.
  • Spätburgunder: Sekt produzido com a uva Pinot Noir.
  • Weissherbst: Sekt Rosé ou Tinto.

Outra dica interessante é buscar através da uva predominante no espumante suas maiores características no vinho:

Riesling ou Elbling: Acidez mais acentuada.

Silvaner ou Kerner: Mais neutros e com aromas delicados.

Weissburgunder (Pinot Blanc) e Pinot Grigio (Grauburgunder): Mais encorpados.

Huxelrebe, Morio-Muskat e Gewürztraminer: Mais aromáticos.

Dica extra: Espumantes rotulados como Perlwein não são Sekts, Perlwein é um termo em alemão que identifica outro tipo de espumante menos gaseificado, frisante.

 

Prosecco

Prosecco é um vinho espumante originalmente italiano produzido pelo método charmat (ou tank) a partir da uva Glera, tradicional do Vêneto.

 O termo Prosecco vem do nome anterior da popular uva Glera, estrela desse espumante. As regiões de Conegliano e Valdobbiadene são Superiore, onde essa melhor se desenvolve. Mas ainda é muito comum à produção de Prosecco fora da Itália, inclusive no Brasil.

Desde meados de 2009 as normas e regras de produção vêm passando por mudanças, mas o que é importante destacar é que de acordo com a legislação em vigor, os espumantes devem levar obrigatoriamente pelo menos 85% de Glera para serem chamados de Prosecco.

 

Moscatel

Moscatel é um vinho espumante adocicado produzido pelo método asti a partir da uva moscato.

Assim como ocorre com Champagne, a palavra Asti somente pode ser usada em vinhos espumantes produzidos na DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) da região de Piemonte, Itália. O espumante moscatel mais conhecido no mundo é o Asti Spumante, regulamentado por uma DOCG, respeitando regras e legislações específicas para sua produção.

No Brasil, a maior parte do cultivo de uva moscato é para produção de espumantes. As variedades mais utilizadas são Moscato Branco, o Moscato Itália e o Moscato Giallo.

É no Rio Grande do Sul que se encontram os moscatéis de maior prestigio e reconhecimento internacional – super aromáticos, possuem agradável doçura que equilibra perfeitamente com a acidez natural da uva.

Em Farroupilha, desde 2010 ocorre o ‘’Festival do Moscatel’’ em comemoração a produção de mais de 50% de toda a uva moscatel do país.

Já no sertão nordestino, o Vale do São Francisco, vem se destacando com sua dupla safra anual, produzindo moscatéis agradáveis e de ótimo custo-benefício, caindo no gosto do consumidor neófito no mundo do vinho.

 

Frisante

Frisante é um vinho gaseificado naturalmente ou artificialmente através da adição de anidrido carbônico, os rótulos mais populares são produzidos a partir da uva Lambrusco, tradicional da região de Emília-Romana, na Itália.

Possui de 1 a 2,5 atmosferas de pressão e apresenta quantidade menor de gás quando comparado ao espumante, por esse motivo é comum encontrar marcas nacionais com garrafas mais finas e com tampa screw cap, sem rolha.

Em meados dos anos 2000 foram os ‘’queridinhos’’ dos casamentos do Brasil, mas hoje, não apresentam mais um bom custo-benefício, perdendo espaço para os moscatéis, proseccos e espumantes demi-secs.

No geral, são vinhos mais simples, despretensiosos e de consumo rápido (no máximo 2 anos).

 

Afinal, qual seu espumante preferido?

 

Keith Bugs
Keith Bugs
Coord. de Eventos da JMatos Bebidas. Criativa, inquieta, contestadora, aficionada pelo glamouroso mundo dos espumantes. Atua 10 anos no mercado de bebidas e eventos, possui certificação WSET nível 2 e planeja se especializar em "Biodinâmicos" em um futuro próximo.

2 Comentários

  1. Avatar carlos xavier disse:

    Muito o conteúdo do artigo bem específico e claro..
    “Mas no penúltimo parágrafo tem uma uma palavrs errra
    “Em meados doa anos2000”

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